segunda-feira, 2 de abril de 2012

ROTEIROS DE AULA - METODOLOGIA CIENTÍFICA

O conhecimento e o trabalho científico

 Segundo Miguel Reale (1999: 53-55), o conhecimento é uma conquista, uma apreensão espiritual de algo. Assim, se afirma que todo e qualquer trabalho cientifico está subordinado sempre a em esforço de apreensão do real.
 Em, Reale, tiramos, ainda, tem-se a classificação do conhecimento em:
1. vulgar, em primeiro grau, e
2. cientifico, em segundo grau.
Ou seja, o conhecimento vulgar, é aquela impressão, noção que temos de algo; já o conhecimento cientifico, e algo mais palpável, é o conhecimento verificado, analisado, com certeza.
 Em, Marilena Chaui (1994:41-43), retiramos que cada campo do conhecimento é uma ciência, e a filosofia das ciências é a epistemologia (em grego, ciência é episteme).
 O conhecimento cientifico é aquele que desenvolve-se através da técnica, da ciência, da observação e da certeza relativa, ou probabilidade.
O processo de Conhecimento:
1 - Elementos:
 Sujeito Cognoscente
 Objeto cognoscível
 Referências anteriores
2 - Nas Ciências Humanas
 Sujeito Cognoscente= homem
 Objeto cognoscível=homem
 Referências anteriores=homem
Âmbitos de pesquisa:
1. O homem como objeto biológico
2. O homem como objeto teológico
3. O homem como objeto empírico

Definição:
 Ao se falar em Conhecimento Científico o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situação muito presente no nosso cotidiano.
 O parto .... Popular/ Doméstico
 O parto .... na Medicina
Aspectos a considerar:
 A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
 Um objeto ou um fenômeno podem ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
 Tanto o "bom senso", quanto a "ciência" almejam ser racionais e objetivos.

! Em suma, distinguimos estes dois âmbitos não pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido, mas pela FORMA, MODO OU MÉTODO E INSTRUMENTOS DO CONHECER.
Características do Conhecimento Popular:
 Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.
 Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
 Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.
 Assistemático - a organização da experiência não visa a uma sistematização das idéais, nem da forma de adquirí-las nem na tentativa de validá-las.
 Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO
 Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não na experimentação.
 Não verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem refutados.
 Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
 Sistemático - suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade.
 Infalível e exato - suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da observação, experimentação.
CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLÓGICO
 Apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural, ou inspirados e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas – ou DOGMAS. Nele, está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
 Real, factual - lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo.
 Contingente - suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.
 Sistemático - saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.
 Verificável - as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
 Falível - em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.
 Aproximadamente exato - novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

A cientificidade e a neutralidade científica
A CIÊNCIA MODERNA:
 Francis Bacon: indução x empirismo – teoria sem prática;
 Galileu Galilei - O experimento e a revolução científica: finalmente as “provas”
 René descartes - A Filosofia cartesiana ou Filosofia das evidências pressupõe 4 regras:
I- Não acolher como verdadeira uma coisa que não se reconheça como tal; (evidência)
II – Dividir cada uma das finalidades em tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê-las; (análise)
III – Conduzir o conhecimento das fases mais simples às mais complexas; (síntese)
IV – Fazer enumerações e revisões para nada omitir no estudo; (enumeração)

 NEWTON E KANT:
 O método indutivo e o surgimento do positivismo
A filosofia de Kant fica conhecida como a “Fenomenologia do Espírito”

1- A CIÊNCIA CONTEMPORÂNEA
 O Relativismo de Einstein: o espaço e o tempo não eram grandezas absolutas, mas sim relativas, dependendo uma da outra;
 O Princípio da Incerteza de Heisenberg
Segundo o qual é impossível medir simultaneamente e com precisão absoluta a posição e a velocidade de uma partícula, isto é, a determinação conjunta do momento e posição de uma partícula, necessariamente, contém erros não menores que a constante de Planck;

Objetividade x Subjetividade
• Desconstruindo a dicotomia!
• Narrativa da peça teatral do jornalista alagoano Luiz Gutemberg que retrata um suposto julgamento de um cangaceiro chamado Crispim, reflitamos sobre esta passagem: (1978, p.43).

• Juiz – Silêncio. Silêncio. Vamos as questões. Os ilustríssimos senhores jurados, para esta noite convocados, com a mão na consciência e a consciência nos fatos, representando proporcionalmente o poder de mando e o controle da sociedade de que sou juiz e os cidadãos, povo, devem responder sim ou não, sendo proibido o mais ou menos, aos seguintes quesitos:
• Primeiro – Todos são iguais perante a lei? Segundo – Se a Lei é escrita e analfabeto não sabe ler, como é que é? Terceiro – Quem nasce como bicho pode ser julgado como cidadão? Quarto – Quem com ferro fere, com ferro será ferido? Quinto – Fera que mata caçador age em legitima defesa? Sexto – Quem nasceu e se criou na Lei das feras pode ser julgado pelo código penal? Sétimo – Cangaceiro é gente? Oitavo – E daí?
Seria necessário analisar cada uma das indagações apresentadas, confrontar a realidade social com a pretensa isenção de quem cabe responder a tais perguntas.
Pergunta-se:
1. Como as responderia um analfabeto?
2. Como as responderia um cangaceiro?
3. Como as responderia um cidadão diplomado?
Continuamos perguntando:
1. Se houvessem respostas distintas, o que as justificaria?
O paradigma da modernidade é sustentado na lógica da estabilidade, da isenção axiológica do sujeito.

Caracterizam a cientificidade pós-moderna:

1. a provisoriedade,
2. a fragmentação, ramificação ou especificação
3. e a instabilidade dos fenômenos estudados
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
 MÉTODO = CAMINHO - isto é, conjunto de processos ou operações mentais que se deve empregar na investigação .
 TÉCNICA = INSTRUMENTO -, isto é, formas de produção do trabalho científico.
Tipos de pesquisa:
 Pesquisa bibliográfica - uso exclusivo de material bibliográfico previamente elaborado, principalmente livros e artigos científicos.
 Pesquisa documental - A característica mais marcante da pesquisa documental é que sua fonte de coleta de dados está restrita a documentos. São, portanto, sua fonte primária. E a pesquisa pode ocorrer tanto no momento em que o fato documentado ocorre, como depois (Cf. MARCONI; LAKATOS, p. 57).
 Pesquisa de campo - A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.
 Estudo de caso: Pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida, como um programa, uma instituição, um sistema, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer o seu “como” e os seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade próprias. Procura descobrir o que há de mais essencial e característico em seu objeto. Trata-se de um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho descritivo. O pesquisador não pretende intervir sobre a situação, mas dá-la a conhecer tal como ela lhe surge.
PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA
 A pesquisa quantitativa significa transformar opiniões e informações em números para possibilitar a classificação e análise. Exige o uso de recursos e de técnicas estatísticas. Para Richardson (1989), esta modalidade de pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificação desde a coleta das informações até a análise final por meio de técnicas estatísticas, independente de sua complexidade.
 Já a pesquisa qualitativa considera que há uma relação indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Neste tipo de pesquisa, conforme Godoy (1995) e Richardson (1989), os dados não são analisados por meio de instrumentos estatísticos, pois a mensuração e a enumeração não são o foco deste tipo de pesquisa.
Tipos de métodos:
 MÉTODO INDUTIVO: Segundo Eva Maria Lakatos (2001, p. 86), indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Nesse sentido, podemos dizer, que através deste método, partimos de dados particulares que podem construir leis gerais, cujo conjunto forma uma teoria científica.
 MÉTODO DEDUTIVO: é o raciocínio que caminha do geral para o particular através de premissas auto-evidentes. Usa-se um silogismo para alcançar uma conclusão.
ETAPAS DO MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO SEGUNDO KARL POPPER

 Método dialético: inspirado na dialética de Hegel, este método consiste numa interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Geralmente é empregado em pesquisas qualitativas, considerando que os fatos não podem ser dissociados de seu contexto social, político, econômico, etc.
 Método comparativo: é utilizado para comparação de grupos ou circunstâncias sociais presentes ou passadas. Pode ser utilizado em todas as fases e níveis de investigação: num estudo descritivo, nas classificações, permitindo a construção de tipologias e até em nível de explicação, apontando vínculos causais, entre os fatores ausentes e presentes.

TÉCNICAS DE PESQUISA: OBSERVAÇÃO, QUESTIONÁRIO E ENTREVISTA
OBSERVAÇAO: É uma técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar. É um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa.
 Ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Obriga o pesquisador a um contato mais direto com a realidade.
 Com esta técnica devem ficar claro o grau de participação do observador e a duração das observações. Para isso, é preciso planejar O QUE e COMO observar.
QUESTIONÁRIO
 Técnica de investigação composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, etc.
 Também conhecido como enquete (reunião de testemunhos sobre determinado assunto), tese (quando a pesquisa é psicológica) ou formulário (qualquer impresso com campos para anotação de dados).
A CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
 As perguntas devem ser bem redigidas e traduzir os objetivos da pesquisa, para isso deve-se levar em conta: forma, conteúdo, escolha, formulação, quantidade, ordem e deformações.
ASPECTOS
 A Forma das Perguntas
 • aberta - o interrogado responde com suas palavras. Adequada para estudos formuladores ou exploratórios
 • fechada - todas as respostas possíveis são pré-fixadas (múltipla escolha).
 • dupla - inclui uma pergunta fechada e outra aberta sendo que a aberta sempre utilizando o “por quê?”.
ENTREVISTA
 Técnica de investigação social pode ser utilizada para qualquer tipo de assunto: pessoal, íntimo, complexo. É a mais flexível de todas as técnicas, também usada para aprofundar pontos levantados por outras técnicas de coleta.
 O bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar e saber buscar algo de preciso.
 O pesquisador deve ter o maior cuidado no processo de seleção e treinamento dos entrevistadores - o sucesso desta técnica está diretamente relacionado com a relação entrevistador e entrevistado.


Principais Referências:
AGUILLAR, Fernandes Herren. Metodologia da Ciência do Direito. São Paulo: ATLAS.
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. São Paulo: Atlas.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica. Petrópolis: Vozes.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica 4.ed. São Paulo: Atlas.


FOCCA - FACULDADE DE OLINDA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA
PROFª. SUENYA ALMEIDA

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